A palavra intimidade remete a muitos sentidos, para uns parti
da relação sexual, já outros a intimidade surge da convivência, vivência e
história pessoal. De modo geral a intimidade está ligada a sentimentos de afeto,
quer seja no processo particular ou entre as relações.
O século XXI está sendo contemplado por muitas
transformações, não só no contexto social, como também no relacional. Existe sim uma sensação de proximidade, mas
está nem sempre é real. Há uma tentativa de ajuntamento. Prova disso são as
redes sociais, que surgem como alternativas interpessoais no sentido de
promover união, bem como preencher lacunas igualitárias.
De algum modo a internet facilita e promove encontros, parentes distantes que por força maior tenham pouco contato, hoje tem a
possibilidade de estarem mais próximos. Contudo para outros nem mesmo essa
ferramenta exerce a função de coligação para tal ligação.
Ao falar de intimidade muitas questões surgem principalmente
no que diz respeito a sentimento e a afetividade, está sem dúvida é a pior
distância. Quando os sentimentos são abolidos pela falta do cultivo do afeito perde-se
um pouco da familiaridade.
O afastamento social é sempre um tema que leva a grandes reflexões,
entretanto não existe distanciamento mais significativo que o do sujeito para consigo mesmo,
ao entrar em contato com seus sentimentos e emoções o indivíduo tem a
possibilidade de identificar possíveis dificuldades relacionais.
Quanto mais a pessoa aproxima-se de si mais irá adquirir
força, convicção e equilíbrio, tais atitudes permitem ao sujeito entender suas
necessidades e o direciona a trabalhar conflitos antes transferidos e
depositados nos outros.
A distância não
permite intimidade, porque ser intimo significa respeitar o espaço relacional seu e do
outro, entender que todos têm limites, além de compreender que existe algo em cada um que precisa ser preservado.
Cobra-se intimidade, exigisse cumplicidade, sem ao menos
buscar trabalhar seus próprios sentimentos e verdades, transmitisse uma honestidade
digna de investigação. Fato este que, não abrimos nossa intimidade para
qualquer um.
Fantasiamos saber, conhecer a verdade do outro e construímos
assim uma intimidade protegida, ao certo existe privacidade na intimidade. Ninguém
revela o que não quer, em geral cada sujeito mostra apenas uma pequena centelha de
sua vida intima.
Quando entregamos nossa intimidade para o outro significa
dizer que existe ali confiança, afeto, respeito. Podemos viver anos com alguém,
estar enamorado, casado ou mesmo viver em meio familiar, isso tudo sem sermos íntimos, sem
trocas. Dizemos morar juntos, viver juntos, estar juntos sem que haja sintonia,
afinidade envolvimento.
O fato de subsistir em um mesmo ambiente não significa dizer que possamos desenvolver contato intimo ou que exista uma boa relação, neste
sentido o fator geográfico pouco importa, o que vai influenciar é o que cada pessoa consegue ofertar, trocar,
oferecer de bom, em suma a reciprocidade.
Estar junto não constitui contato, este só existe
através da similaridade, das afinidades e cumplicidade. Não é nada fácil
conquistar a intimidade do outro, principalmente quando julgamos conhecê-lo através de uma óptica banhada de pré-conceito.
Estar junto não é estar próximo.
Jacqueline Meireles
Psicóloga/Consultora
Psicóloga/Consultora
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