O processo de aceitação é um dos momentos mais difíceis
para o sujeito, sentimentos se misturam e esbarram com o próprio modo de ser. Aceitar o outro do jeito que é não significa compactuar com
seus devaneios, mas entender que as transformações dependem exclusivamente de
um desejo individual, pessoal de melhora.
Através da aceitação os relacionamentos interpessoais tendem
a ganhar uma atenção menos sofrida, ciente que aceitar não é concordar com
atitudes rudes e mesquinhas, no entanto respeitar os pontos de vistas e escolhas
alheias.
Julga-se, aponta-se e rotula-se a partir de uma visão única
e particular, de modo geral o julgamento surge sem muitas ações concretas, a
maioria parte do imaginário, de idéias criadas a partir de um mínimo contexto.
O quesito aceitação tem variáveis que merecem atenção, uma
delas se refere ao processo de auto-aceitação. Se a auto-aceitar já é difícil, imagine
aceitar os outros. Independente do setor relacional todo ser humano em algum
momento aponta limites e movimentos pessoais distintos.
Ao conseguir perceber e aceitar seus limites você terá
a possibilidade de se relacionar melhor consigo e consequentemente com os
outros. Este é um processo grandioso e significativo, surge a partir da ação, do
crescimento e da auto-aceitação.
Quando o sujeito reconhece que tem falhas, que comete erros,
adquire consciência que necessita melhorar para crescer. Os julgamentos alheios
sempre são causadores de sofrimento, se acolhidos. Contudo, muitas vezes o autojulgamento
com intensidade causa ainda mais sofrimento.
Nunca ninguém conseguirá transmitir em clara e alta
definição sua verdadeira imagem, talvez esse tal desconhecido de si seja o estranho
interno de cada um. As idéias de outrem se misturam à as próprias opiniões e nesta mistura de conceitos e pré-conceitos cria-se um borrão pouco nítido relativo
aos pensamentos, sentimentos e vivências pessoais.
Compreender o que não quer é o primeiro passo para se descobrir
o que se quer verdadeiramente, este movimento define e também ajuda a minimizar
angústias. A dificuldade é que muitos dos indivíduos não sabem nem o que
querem, vivem a vida do outro se moldando a uma perspectiva pouco realista e perfeccionista.
Mudar na esperança de ser amado, valorizado e estimado é
colocar mais uma vez a imagem e o desejo do outro em primeiro lugar, mas,
modificar, passar por uma melhora intima, buscar a transformação por si e para si, agrega maior
desenvolvimento e crescimento pessoal.
Aceitar não é concordar, o método de aceitação é um
movimento interno independe que concordemos ou não, concordar não é só racionalizar,
ou seja, o sujeito pode concordar externamente e racionalmente mais não aceitar
emocionalmente, sentimentalmente.
Neste sentido, haverá uma não conexão entre o razão, emoção e
sensação. Problemas e dificuldades sempre irão existir, isso independe da aceitação
ou não do sujeito, mas ao saber lidar com os obstáculos de forma madura e equilibrada,
o indivíduo conseguirá transpor barreiras de forma mais serena, terá
energia para enfrentar e resolver as demandas que surgem.
E está homeostase trará maior discernimento, harmonia e racionalização
para o psiquismo, que clama por moderação. Sempre dá para melhorar...
E saber o que quer verdadeiramente é o primeiro passo.
Jacqueline Meireles
Psicóloga/Consultora
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, participe dessa construção!