Roberto Chwarz
Desde a criação da psicanálise as famílias são foco de grandes estudos e pesquisas devido aos conflitos psíquicos existente no núcleo familiar. São notórios esses conflitos quando o cliente encontra-se em analise, ele tem a possibilidade de trazer essas verdadeiras “guerras” intra-familiares.
As famílias carregam sentimentos conflitivos muitas vezes de inveja e rivalidade que perduram por toda uma geração. São emoções humanas legítima, que variam de uma pessoa a outra, com intensidades deferentes e difíceis de serem reprimidas por completo, mesmo pela regra social e religiosa que as colocam no rol das emoções proibidas, o máximo que se consegue é camuflar ou dissimular a sua presença com o sentido da falsa igualdade.
A idéia de igualdade familiar retrata uma cultura que prega a união, desvinculada da realidade de seus indivíduos, os tornando todos iguais, desprovidos de singularidade.
A família tem um papel fundamental na construção subjetiva da criança, pois será os pais o primeiro elo que transmitirá normais, valores e leis. Ao dar uma conotação mais ampla sobre a família, os avanços sociais podem não ser bem absorvidos por ela na contemporaneidade, tendo em vista que a família vem perdendo seu lado mais importante, o vínculo entre seus membros.
É através da palavra, que todos iram construir seus significados, mas, nem sempre essa palavra tem vida no meio familiar, em alguns casos ela morre antes mesmo de nascer, ou seja, antes de ser pronunciada, dificultando as relações familiares quando não é estendida para o circulo social.
A linguagem tem um simbolismo próprio, porém será interpretada de forma singular por quem as ouve, a interpretação que será dada dependerá da forma como cada sujeito está vinculado e estruturado mediante a família, e da mesma forma que não existe " linguagem neutra", ela também não se faz única.
A família é o primeiro lugar de amores, afetos e conflitos, nela há um tipo de resistência, sendo está da indiferença, da falta de diálogo como também do distanciamento.
A família também é o lugar de ódios, ciúmes, atritos e invejas, sabores e dissabores. É um lugar de construção dos afetos e desafetos, porém como lidar com todo esse emaranhado de sentimentos, muitas vezes camuflado pelo vínculo genético?
Os vínculos familiares precisam ser revistos o tempo todo, ser família por si só já não basta, as pessoas estão criando barreiras, distâncias umas das outras de forma quase a romper relações. O contato a cada momento está se tornado mais escasso e consequentemente vem aumentando as lacunas afetivas, ocasionando em alguns momentos relações superficiais.
As fronteiras acabam por destruir a intimidade das relações não só a nível afetivo conjugal e familiar como também a nível pessoal, fraternal e parental. Quanto mais barreiras são construídas, menos “pontes afetivas” serão lançadas e muitas vezes as poucas pontes que algumas famílias conseguem se vincular, estas são quase sempre frágeis.
Não é estranho pensar e perceber por que as famílias estão tão carentes de afeto, de apoio e com sentimento de baixa estima. A busca pelo individualismo, pelo respeito ao seu espaço, está deixando os adultos carentes de família.
Os vínculos sejam de que natureza for, vem trazendo com ele experiências, conhecimento pessoal, troca das mais diversas, faz parte do vinculo familiar, a conversa, o dialogo, a escuta, a linguagem, a fala, os gestos, sons e tantos outros sinais que aproximem os indivíduos uns dos outros.
Não existe palavra vazia, existe palavra sem vida, é do vazio existente que o sujeito o preenche com palavras, dando sentido ao ser. A voz que cala não é pior que o silêncio que fala, por trás desse silêncio há um ser falante que se interroga e é interrogado, que existe em sua essência e sobrevive ao total caos interno.
Os adultos de hoje estão carentes de família, principalmente no que diz respeito ao afeto e ao sentimento. Qualquer coisa não é ser família.
Jacqueline Meireles
Psicóloga/Consultora
Psicóloga/Consultora
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