Formar vínculos não é fácil, dilemas e representações pouco
objetivas permeiam as relações e atacam os núcleos sociais. Estar junto denota acolhimento,
vínculo, tais variáveis auxiliam no desenvolvimento e na constituição do eu.
O individuo é um ser de relações por natureza, sendo social
existe a necessidade de congregar, unir. Mas, o sentimento de união e harmonia
no grupo familiar nem sempre e compartilhado de igual modo por todos.
Diferentes dinâmicas geracionais resultam em grandes dificuldades
de entendimento, além disso, o novo contexto educacional, social e cultural tem
transformado a maneira de pensar. Hoje o sentimento de pertencimento está se
tornando cada vez mais distante.
Quando afastados do olhar parental os sujeitos se autorizam a fazer
escolhas, eleger seus relacionamentos por afinidade, buscar relações por meio
de identificações o que os auxiliam na formação de grupos externos.
O indivíduo quando lançado no ambiente exterior longe do habitat do lar, tem a
possibilidade de exercitar suas capacidades, aptidões essas que geram autonomia
nas relações interpessoais.
Entretanto, quando o assunto é família, as antipatias revogam e são
veladas pelo sentimento de pertencimento, mas o que fazer com a “ovelha
desgarrada”, está que ameaça ruir toda a base parental. O sujeito que ousa a construir
seu espaço pessoal passa por um árduo caminho.
A convivência leva muitos indivíduos a esquecer seu lado particular
em prol de uma coexistência com o outro. As convenções dizem que é importante
manter as aparências para o benefício de todos.
E os parentes, descendentes distantes e até ausentes, quando
não longínquos pela força geográfica, se faz pela força drástica da falta de
união, da exclusão. Parente, aquele parecido, porém afastado, também é diferente dos demais,
pode até saber a respeito do outro, mas por ecos que o trás.
Imaginar família é se transportar no mundo de afeição, seios
fartos, leite abundante, braços fortes e acolhedores, no entanto há ainda nela atitudes
repressoras, desafiadoras e questionadoras.
Quem se arrisca sair do pensamento coletivo de suas raízes?
Ainda que a tal solidão seja difícil de aguentar, raro é o
sujeito que se habilita a abrigar o vazio individual, o vazio parental, paternal,
maternal e existencial. Ainda assim existe um grupo do outro
lado que chama, convida, convoca.
Como atender ao
chamado familiar sem se despersonalizar, sem deixar-se invadir, sem ferir os
preceitos institucionais da sagrada família?
Viver é ser uno em meio a tantos unos.
Jacqueline Meireles
Psicóloga/Consultora
Psicóloga/Consultora
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